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A MEDIUNIDADE SEGUNDO A TEOSOFIA
A MEDIUNIDADE SEGUNDO A TEOSOFIA

   

 A MORTE E PÓS-MORTE

     Blavatsky afirma que o Universo apresenta sete modos de ser relacionados a sete estados de consciência, e que, semelhantemente, o homem revela sete estados e princípios. Diz ela que o “homem é uma correlação de poderes espirituais, assim como de forças químicas e físicas, colocadas em funcionamento pelo que chamamos princípios”, e que, de pronto, percebe-se que o ser humano tem duas naturezas bem distintas: a espiritual, ou superior, e a física, ou inferior. Pela primeira, ele é capaz de pensar, e, pela segunda, de registrar e assimilar os pensamentos. A natureza espiritual é composta de três princípios (tríade espiritual, ou superior), enquanto a física, que permite ao homem agir no plano material, é formada por quatro princípios (quaternário físico, ou inferior).

        Cada estado de consciência do homem é, assim, qualitativamente diferente do outro, devendo por isso mesmo receber um nome apropriado. E, sendo a morte apenas uma mudança de estado consciencial, o conhecimento do homem integral, dos seus princípios constitutivos, é, portanto, indispensável para o estudo dos estados post-mortem. Devemos, por isso, aprofundar, ainda que esquematicamente, cada um dos sete princípios que presidem a existência de todos nós, tendo sempre presente que, na filosofia esotérica, entende-se por ‘princípios’ (cósmicos e humanos) as causas naturais que possibilitam a existência de todas as coisas ou, em outras palavras, os aspectos da Realidade Única Universal, ou Deus, no cosmo e no homem. Utilizaremos a terminologia sânscrita, dada a especialidade dessa língua no trato das questões da subjetividade da natureza humana, lembrando e enfatizando a dificuldade de se reconhecer e compreender os princípios, até porque o próprio jargão teosófico aqui empregado é muitas vezes confuso, com os termos sendo definidos com certa ambigüidade e alto grau de liberdade e extensão:

1 – Sthula-sharira, ou rupa (rupa significa corpo, ou forma, em sânscrito): é o corpo físico, veículo do duplo astral, o 3º princípio.

2 – Prana: é a vitalidade, a energia que produz todos os fenômenos vitais.

3 – Linga-sharira: é a contraparte etérea do homem ou do animal, conhecida modernamente como duplo etérico ou duplo astral e, antigamente, como corpo astral. Tem a mesma aparência do corpo físico e é formado antes dele, e só desaparece após a desagregação do último átomo do cadáver (sem considerar ossos e pêlos, cuja dissolução é muito mais lenta). É o veículo e acumulador de prana, distribuindo-o com regularidade para o organismo, segundo as suas necessidades.

4 – Kama-rupa: chamado também de alma animal, é a sede dos desejos e das paixões terrenos, animais. Ele é o veículo de manas (superior e inferior), o quinto princípio. Entre kama e manas situa-se o marco que assinala o fronteira entre a parte mortal e a imortal do homem. Kama-rupa é a forma subjetiva que o homem apresenta após a morte, criada em conseqüência dos desejos e dos pensamentos relacionados com objetivos materiais por todos os seres sencientes.

5 – Manas: também chamado às vezes de ego reencarnante e alma humana, é o veículo do princípio resultante da conjugação de atma e buddhi (quinto e sexto princípios, ou atma-buddhi) Em outras palavras, é a essência da Mente Universal (Mahat) encarnada no homem. É, portanto, a faculdade mental, aquilo que pensa em nós; a consciência que distingue o homem do animal e faz dele um ser moral e inteligente. Manas tem dupla natureza. Uma parte, o manas inferior, está ligada inseparavelmente à alma animal, e denomina-se kama-manas, ou ego pessoal, a essa ligação. Esse é o nível de consciência que prevalece na quase totalidade da humanidade atual, e resulta na aplicação da inteligência na satisfação de desejos meramente egoísticos e passionais, a exploração dos sentidos na busca de prazeres, que pode ser bestial quando levada às últimas conseqüências. A outra parte é manas superior, o aspecto mais nobre e sublime da mente, nela encontra-se o acervo da memória de todas experiências vividas na Terra. Ao associar-se com buddhi (o 6º princípio), que por sua vez é veículo de atma (o 7º princípio), forma o conjunto buddhi-manas, princípio dual e imortal da consciência que se reencarna ciclicamente. Quando unido a atma-buddhi, manas é chamado ego espiritual, que é a verdadeira individualidade, o homem divino. É esse ego quem faz da forma humana um homem ainda que este possa estar inconsciente da mônada dual (atma-buddhi); é ele quem domina o corpo em que se encarna e que é responsabilizado por todos os atos, quer bons ou maus, perpetrados pelas personalidades que assume, cada uma delas a efêmera fachada sob a qual ele se oculta numa imensa seqüência de renascimentos, que é conseqüência do carma. Assim, associada aos princípios superiores, a mônada individual, ou ego individual, experencia uma série de vidas tomando a forma de diferentes entidades pessoais, que consideradas no seu conjunto formam a ‘individualidade’. Como diz Blavatsky, o verdadeiro homem é manas superior, e quando esse se une a atma-buddhi, converte-se então em deus.

6 – Buddhi: é o veículo de atma, o sétimo princípio, que é o Espírito (ou Mente) Universal que lhe dá alma, daí buddhi ser chamado de alma espiritual. É através de buddhi que atma, a sua síntese, toma substância, sendo a combinação atma-buddhi um princípio eterno e imortal. Buddhi é assim uma pura corporificação, ou melhor, emanação da Mente Universal, atma. No plano material, que é o estado de consciência em que normalmente vivemos, buddhi não é uma faculdade racional individualizada, antes é algo indiferenciado e, de nossa perspectiva humana, pode ser considerado como destituído de qualquer atributo, mas que se torna ativo quando recebe as qualidades racionais que provêm de manas. Ele individualiza-se ao atuar junto com manas. O conjunto buddhi-manas é, como já vimos, a consciência que conecta atma com cada personalidade, permitindo que ele habite na matéria. Esse conjunto acumula em si o resultado das experiências vividas pelo ego, que se tornam as causas (daí ser denominado também de corpo causal) que modelam as vidas futuras. É por intermédio de buddhi que alcançamos a percepção espiritual, o discernimento intuitivo, imediato, que clarifica a realidade sem o uso da razão. Por isso é que se diz que esse princípio está no plano intuitivo, chamado quase sempre de plano intuicional. Blavatsky afirma que, conhecendo-se o mistério de buddhi, torna-se possível projetar o duplo etérico conscientemente e à vontade, alertando que certamente esse é um poder muito perigoso.

7 – Atma: é o Espírito propriamente dito, isto é, a essência divina não-individualizada, portanto, indiferenciada, sem forma nem corpo, invisível e imponderável, como um sol que brilha sobre todos. Costuma ser chamado de eu superior e mônada divina, em que pese a expressão mônada, em ocultismo, significar quase sempre a tríade atma-buddhi-manas. Pode-se também entender atma como uma irradiação do Uno, que é o Absoluto, o Espírito Universal. Ele está presente em todos os pontos do universo, não sendo propriamente, portanto, um princípio humano, mas é para nós, individualmente, semelhante a um raio do sol, que, apesar de aquecer-nos, continua ainda sendo luz daquele astro. Ele é onisciente, mas atua apenas indiretamente na natureza humana e por intermédio de irradiações luminosas no homem interno, pois se pudesse manifestar-se continuamente não haveria homens na Terra, mas deuses. Atma e buddhi só fazem sentido para o corpo humano se houver uma consciência para assimilá-los, assim como de nada adianta chover sobre o solo desértico se não houver uma planta ou uma semente que se beneficie da chuva. Nenhum dos dois é alcançado pelo carma, pois atma é o aspecto superior do carma, o agente ativo de si mesmo, e buddhi é inconsciente no plano material.

     Em resumo, pode-se afirmar, que cada ego pessoal, ou ‘veículo pessoal’, é uma combinação dos quatro princípios inferiores e de manas inferior, enquanto a individualidade, a mônada imortal, é uma combinação de manas superior e dos sexto e sétimo princípios. O espírito humano, ou individualidade, é uma entidade separada, distinta, uma individualização, enquanto buddhi, a alma espiritual é um alento preexistente, parte inconsciente do Todo inteligente. A alma do homem apresenta-se sob três aspectos: a ‘alma animal’, que deixa de existir algum tempo após a morte; a ‘alma humana’, manas, que é o princípio que o humaniza, mas que só tem preservada no post-mortem a parte mais nobre (manas superior), que diz respeito a qualidades tais como amor, misericórdia, altruísmo, abnegação etc; e a ‘alma espiritual’, que é divina e imortal, embora só tome consciência de sua divindade com a assimilação de manas superior. Portanto, o que reencarna é o ego espiritual pensante, o princípio permanente no homem, que é o centro de manas; não é atma ou atma-buddhi (mônada dual), o homem divino, mas manas, pois atma é o todo universal e torna-se o eu superior do homem apenas quando atua em conjunto com buddhi, seu veículo que o liga à individualidade. Apenas aquilo que está indissoluvelmente ligado a atma, ou seja, buddhi-manas é imortal e, portanto, a alma terrestre, a personalidade, não é imortal, eterna ou divina.

     Não se pense que os conceitos antes emitidos, derivados dos pensamentos de Blavatsky na ‘Chave Para A Teosofia’, estão claramente definidos nas cartas em exame. Ao contrário, é possível chegar-se à conclusão que o Mestre adotava classificação um pouco diferente e que poderia também sem qualquer prejuízo ser adotada ao longo deste trabalho, o que não faremos. Nessa classificação, o quinto princípio seria manas inferior, ou mental concreto, ou ainda ‘alma animal’; enquanto o sexto princípio seria manas superior, ou mental abstrato; e o sétimo, buddhi. Nessa linha de raciocínio, poder-se-ia dizer que a ‘pura mônada individual e espiritual’, ou ego, seria formada pelo sexto e sétimo princípios (manas superior e buddhi). Essa mônada, ao incorporar-se em diferentes entidades pessoais, quando consideradas no seu conjunto, formaria, então, a ‘individualidade’. O ‘ego pessoal’, ou ‘veículo pessoal’, seria agora a combinação dos cinco princípios inferiores, que incluiria o mental inferior, enquanto a ‘individualidade’, ou alma espiritual seria a combinação do quinto, sexto e sétimo princípios. Essa classificação aparece em alguns livros, mas não afeta em nada o raciocínio posterior – é apenas uma questão de definição.

Momentos Que Antecedem À Morte
Conceitos Básicos


     A tradição oriental, confirmada pelas experiências fora do corpo de pessoas que passaram pela morte clínica e reviveram e que têm sido narradas por autores modernos, afirma que o breve instante entre a última batida do coração e o momento em que a derradeira centelha de energia animal deixa o corpo, o cérebro ainda pensa com perfeita lucidez, mesmo o daqueles que eram insanos. Em poucos segundos, como num sonho ou como se estivesse diante de uma tela de cinema, aquele homem que parece estar morto rememora fielmente toda sua vida, na mais perfeita ordem seqüencial. O Mestre orienta que essa deve ser uma ocasião de profundo respeito ao moribundo, que não deve ser perturbado; os circunstantes devem permanecer quietos após a morte e colocar as mãos do defunto sobre o corpo.

     Daquela reflexão final do agonizante resulta um sentimento que é a tônica daquela vida e que definirá o destino de sua futura existência no kama-loka (a região onde passará a viver a seguir). Em outras palavras, a impressão ou pensamento mais forte sobrevive enquanto o resto desvanece-se para reaparecer apenas no devachan (espécie de paraíso), onde predominará do início ao fim como o tema principal e recorrente de uma longa melodia. Os desejos, aspirações, esperanças e sonhos relacionados com o sentimento principal, e que jamais se realizaram, também têm seu lugar no devachan e serão vividos como uma benfazeja realidade, sem que o sonhador suspeite que toda essa fantasia seja o efeito de causas mentais por ele mesmo criadas.

     Como o duplo etérico do morto não desaparece de imediato, acontece às vezes dele adquirir objetividade e aparecer a alguém, podendo até mesmo ser fotografado, mas será algo totalmente automático sem que esteja implícito qualquer ato voluntário do morto (o ego remanescente). Contudo, o cérebro de uma pessoa agonizante é capaz de projetar consciente ou inconscientemente seu mayavi-rupa, que é um corpo não-natural formado por elementos mentais e astrais, que pode funcionar com independência no plano astral e no mental, devido ao impulso do intenso desejo de ver alguém ou de aparecer para ele.

     Com a morte, o quinto princípio torna-se inconsciente, e o homem perde por completo a memória daquilo que vivenciou de forma objetiva e subjetiva. Assim, não importa o tipo de morte ou em que fase da vida a pessoa morreu, se era boa ou má, a consciência abandona-a total e subitamente, como um apagar da luz que deixa o quarto na escuridão. Com a morte do cérebro e a conseqüente extinção das faculdades perceptivas é impossível exercitar-se o poder da vontade e a ação de pensar, ainda que volição e cogitação não sejam propriedades da matéria orgânica.

                                                        Kama-Loka Básicos

     A morte resulta, assim, no rápido desaparecimento dos três primeiros princípios e total perda de memória. Mas imediatamente após a morte, e antes de o falecido entrar no devachan, o ego passa a dormir e sonhar na matéria sutil do kama-loka (em sânscrito, kama significa desejo, apetite, paixão, afã, sensualismo, prazer, amor, apego à existência; enquanto loka denota um local circunscrito). Esse sonho pode durar desde horas (raramente menos que isso) até vários anos, segundo diversos fatores, como a qualidade do ser, o seu estado mental ou como se deu a sua morte.

    No kama-loka, o ego sobrevive com o quaternário formado pelos seus princípios remanescentes. Essa é a “terra de verão” dos espíritas, que comumente não descortinam os horizontes além dessas paisagens. Uma região semimaterial, sem limite definido, não percebida por nossos sentidos físicos e, portanto, subjetiva para nós, para onde vão as formas astrais (chamadas eidolons, ou kama-rupa, isto é, as formas do plano astral) dos seres desencarnados, inclusive animais, à espera da segunda morte. A segunda morte para os animais vem com a desintegração e completo desaparecimento de suas últimas partículas astrais. Mas, para os eidolons humanos (o fantasma astral), começa quando a tríade atma-buddhi-manas (manas aqui é o superior) separa-se dos princípios inferiores para iniciar seu período devacânico, e o fantasma kama-rúpico (alma animal associada a manas inferior), denominado cascão, entra em colapso até desaparecer. Isso ocorrerá com o cascão porque ele está despojado de manas superior, o princípio pensante, que dá forma e luz à inteligência animal, e de um cérebro físico para que possa atuar. Como veremos na seqüência, as vítimas de acidentes ou assassinatos e os suicidas permanecem no kama-loka de um modo um pouco diferente dos demais mortos.

                                                     Habitantes do Kama-Loka

      É mencionada a existência de sete lokas, ou regiões, do kama-loka, onde os egos localizam-se segundo os estados mentais que apresentavam no momento da morte. Cada uma dessas esferas, também divididas em sub-regiões, teria um guardião (tathagata, ou dhyan chohan) para protegê-la e vigiá-la sem, contudo, interferir nela. Segundo o Mestre, os habitantes das diversas regiões do kama-loka seriam: rupa-devas, arupa-devas, pisachas, mara-rupas, asuras, bestas e raksharas.

     As duas primeiras categorias não devem ser confundidas com anjos, pois são os já mencionados dyan chohans, literalmente, ‘senhores da luz’, em sânscrito, ex-homens que agora são espíritos planetários, ou inteligências divinas, encarregados de supervisionar o Universo. (Os dhyan chohans de nossa Terra, embora sejam os governantes de nosso mundo, não são os mais elevados na escala cósmica.) Os rupa-devas são aqueles que têm forma, enquanto os arupa-devas são os dhyan chohans sem forma.

    Pisachas e mara-rupas são personalidades que romperam sua conexão com o ego. Esses ‘elementares’, ou espectros, em que faltam os princípios superiores, estão destinados a desaparecer. Os pisachas são os já mencionados cascões, que possuem só o elemento emocional e rudimentos do mental; enquanto os mara-rupas, além do mental concreto, mantêm algo do mental abstrato.

Asuras (Exús) e bestas são elementais (espíritos da natureza). Os primeiros têm forma humana, e os outros são elementais de segunda classe, com forma animal. Ambos serão homens num futuro muito longínquo. Em Teosofia diz-se que essas entidades subumanas evoluem nos quatro reinos (ou elementos) da natureza (terra, ar, fogo e água), e eram conhecidas pelos ocultistas medievais como gnomos, silfos, salamandras e ondinas. Como forças da natureza essas entidades podem ser usadas pelos ocultistas para produzir efeitos físicos diversos, mas quando empregadas por elementares (cascões) poderão enganar as pessoas crédulas, através de domínio que exercem sobre os médiuns.

     Os raksharas são formas astrais de feiticeiros, homens que alcançaram a culminância do conhecimento das ‘artes proibidas’ e que, mesmo mortos, têm defraudado a natureza. Eles serão inevitavelmente aniquilados quando o planeta entrar em pralaya (um longo período de repouso, obscurecimento e dissolução).

                                                     Estado de Gestação e Cascão

     A separação de princípios que precede a entrada no devachan é dita ser uma ‘luta mortal’, que se inicia logo após a entrada do ego no mundo das emoções, entre a dualidade superior (6º e 7º princípios) e a inferior (4º e 5º princípios), isto é, entre a tendência para espiritualidade e a atração para paixões e desejos mais rudimentares de nossa natureza. Se a parte mais nobre do quinto princípio (manas superior) agrega-se ao sexto, que atrai naturalmente o que há de melhor e mais puro naquele, pois os princípios superiores são incapazes de assimilar algo que não seja bom, o ego prossegue para o ‘estado de gestação’ que antecede o devachan, recobrando parcialmente a memória e a autoconsciência e sem dar a mínima importância, ou estando inconsciente, dos princípios e da personalidade que ficaram para trás, posto que está inteiramente concentrado na individualidade que é ele mesmo. Enquanto isso, o 4º princípio, agora associado apenas à parte remanescente do quinto, passa a formar o mencionado cascão, que se dissolverá com o tempo.

     Enquanto viva, a personalidade assumida pelo ego tinha completa identidade, mas na hora da morte a consciência pessoal abandona a todos. O centro da memória, no entanto, será restabelecido no cascão, mas só será ativado com o auxílio do cérebro de um ser humano vivo, podendo ele então lembrar-se e falar de suas recordações. Assim, pois, o cascão não passa de um simulacro da personalidade desencarnada. Ele aparenta autoconsciência, quando na realidade desenvolve só uma espécie de vaga consciência de si próprio, sendo apenas uma sombra, um reflexo fugidio, do que foi a personalidade, pois tem memória, mas não tem faculdades perceptivas. O cascão recupera sua memória, embora limitada às lembranças do homem físico, muito lentamente e de forma bastante imperfeita. Essa entidade semiconsciente tem vida autônoma, vagando no kama-loka, por certo tempo, como um ‘elementar’, ou ‘elementário’, fantasma das paixões e desejos humanos e animais, até desfazer-se completamente, como já dissemos, face ao esgotamento dos impulsos mentais que a criaram.

     Por ser capaz de lembranças, mas não podendo distinguir com precisão os fatos, o cascão age como um louco. É como, por exemplo, um cão, que é capaz de lembrar a surra que levou de seu dono quando este pega a vara, mas não lembra disso em qualquer outro momento. Ao atuar na aura de um médium, perceberá claramente tudo o que recebe por meio dos órgãos sensitivos deste e dos que estão em simpatia magnética com ele, sendo capaz de reproduzir as impressões que assimila de suas consciências. Mas, se alguma perturbação no círculo desviar o pensamento do médium, e o cascão for deixado sozinho por uns instantes, começará a hesitar, podendo assumir outras personalidades ali relembradas e, uma vez posto de lado, permanecerá adormecido. Poderá ainda, com os resquícios de sua própria memória, fazer até mesmo lindos discursos. Mas apenas repetirá como papagaio tudo aquilo que sabia e pensava enquanto esteve vivo, sem acrescentar coisa alguma. Não distingue nada além do que pode encontrar nas faculdades perceptivas e na memória das pessoas que se acham no círculo espírita, daí as declarações altamente inteligentes e o esquecimento de coisas corriqueiras apresentadas pelo mesmo cascão. Se, por exemplo, é estimulado a rememorar a personalidade que já foi, será capaz de lembrar-se das coisas de que gostava, num nível de detalhes que pode causar grande admiração aos assistentes, aumentando-lhes a credulidade.

      O tempo de sobrevivência do cascão depende diretamente do grau de cultura e da capacidade intelectual da personalidade que o originou. Durará mais também o cascão da pessoa que teve morte natural. Aos poucos ele vai se desintegrando, e só depois de considerável período é que tem uma vaga consciência desse fato. No entanto, freqüentemente, os cascões de feiticeiros apenas parcialmente bem-sucedidos e de pessoas más, quando excessivamente apegadas ao eu, e, às vezes, de certos suicidas sentem instintivamente que estão em processo de desagregação, tornando-se, assim, um perigo, pois, para não serem aniquilados e manter seu arremedo de vida, abrigam-se em organismos animais vivos, inclusive seres humanos.

      No caso de magos negros e criminosos empedernidos e pertinazes que se mantiveram assim ao longo de uma série de vidas e que não têm possibilidade de redenção, rompe-se o cordão brilhante que liga o espírito à alma pessoal desde o nascimento da criança, e a entidade superior sem corpo separa-se da alma pessoal, sendo esta destruída sem deixar a mínima impressão na primeira.

                                                   Devachan e Avitchi

     O ego purificado depois de passar pelo período de gestação inconsciente renasce no devachan. Esse é um dos muitos mundos que existem além do plano da objetividade onde vivemos. Região de bem-aventurança e beleza indescritíveis, governada por seres altamente realizados, ou dyan chohans. Local de repouso para onde vai a esmagadora maioria dos que morrem. Para ele só não são atraídos aqueles que são irrecuperáveis na prática de ações pecaminosas e bestiais ou os materialistas empedernidos atraídos para o magnetismo grosseiro da Terra, todos esses serão puxados para a 8ª esfera, ou planeta da morte, espécie de satélite físico e mental da Terra. Ao renascer no devachan, o ego mantém, por certo tempo, completa lembrança de sua vida na Terra. Mas lá, os egos estão momentaneamente livres de sofrimentos e aflições, até que venham a reiniciar novo ciclo de vida material, quando as conseqüências das ações ruins que praticaram recaem outra vez sobre eles, pois os erros cometidos no plano objetivo só podem ser punidos nesse mesmo plano.

    As pessoas que tenham sido muito más e viciosas, mas que ainda retêm resquícios da natureza divina, não serão simplesmente aniquiladas, pois a chispa espiritual remanescente será capaz de queimar aos poucos a escória de suas personalidades, impedindo-as de caírem na 8ª esfera. Tais pessoas irão para o avitch (o vale de lágrimas)i, que é um estado correspondente à antítese do devachan, mas onde se aplicam as mesmas leis.

    Céu ou inferno como lugares objetivos não existem, embora prevaleçam condições mentais semelhantes as que são passadas durante um sonho vívido que criam tais sensações. Portanto, o devachan, mais do que um local, é um estado de autêntica introspecção em que o ego recebe a paga de seus atos meritórios na Terra, subsistindo, então, por período proporcional à sua vida anterior, numa espécie de sonho feliz com tudo de puro e bom que pôde aproveitar durante sua última existência terrena com seus entes queridos. O amor nessa paragem possui uma potência que é sentida pelos encarnados. Blavatsky diz que ele se manifesta nos sonhos e, com freqüência, em vários acontecimentos, protegendo e salvando o ser amado, funcionando como um escudo poderoso, não limitado a tempo e espaço. O amor espiritual é imortal e faz com que, pela operação do carma, os seres que se amaram reencarnem outra vez no mesmo grupo familiar.

     No entanto, não há inter-relação entre egos no devachan, cada um vive seu sonho particular dissociado dos demais, posto que são entidades subjetivas que vivem exclusivamente no reino das atividades psíquicas e emocionais, apesar de ainda serem tridimensionais. A vida-sonho no devachan vai crescendo de intensidade por um longo período, para depois arrefecer. Então, o ego entra num processo de gradual inconsciência e letargia até o total esquecimento, ou morte (Blavatsky diz-nos que a ‘imortalidade é a continuidade de consciência’), para posteriormente renascer em outra personalidade na Terra, dando início mais uma vez a ações que geram cumulativamente outro conjunto de causas a serem trabalhadas noutro devachan, e assim sucessivamente. Essa cadeia de nascimentos terminará, no entanto, ao final da sétima ronda ou até que o ser alcance a sabedoria de um arhat (aquele que ultrapassou a quarta e última iniciação) e depois de um buddha (o grau mais elevado do conhecimento) antes mesmo da sétima ronda, quando então terá aprendido a libertar-se do ciclo de renascimento e a passar periodicamente ao paranirvana, estado de absoluta perfeição e de integração no Todo, que a mônada humana alcança no fim do grande ciclo.

      Os seres que se encontram no devachan ou em avitchi criam e destroem os objetos de suas sensações, que não estão limitadas por tempo e espaço, não fazendo sentido as avaliações que fazemos daqueles estados a partir de nossas limitadas percepções terrenas. No devachan perde-se completamente a noção de tempo, à semelhança de uma pessoa que vivencia momentos muito agradáveis, para quem uma hora passa como um minuto. Os habitantes do avitchi também estão sujeitos ao mesmo fenômeno, mas por motivos contrários, pois mesmo curtos instantes de aflição parecem uma eternidade.

    A felicidade devachânica é muito individual e depende do desenvolvimento dos sentidos espirituais de cada um, pois as vivências de um mesmo fato são percebidas diferentemente segundo a sensibilidade espiritual desenvolvida. Diz o Mestre que a “natureza não engana o habitante do devachan mais do que engana o homem fisicamente vivo”, pois ela dá-lhe muito mais bem-aventurança verdadeira lá do que aqui, onde a felicidade genuína é realmente uma impossibilidade devido às condições maléficas prevalecentes.

     No devachan a pessoa exerce diversas atividades, com continuas mudanças, e ocupa-se de coisas agradáveis que conduzem ao êxtase. Aquilo que era imaginação idealizada na vida terrena, as faculdades que aspirava possuir quando viva, desde que relacionadas a coisas abstratas, tais como música, pintura, poesia, têm continuidade e podem ser desenvolvidas no devachan, as aspirações da vida concreta transformam-se em realidades da existência subjetiva. Como não há contraste algum que possa criar a sensação de monotonia, a bem-aventurança pode ser desfrutada por milhares de anos sem que apareça o tédio, sendo as situações ali vividas variações infinitas de lances de felicidade e experiências ideais passadas na vida terrena e que resultaram na tônica essencial do que foi aquela pessoa.

      Esse estado venturoso muda segundo a capacidade de cada ego de preencher o cenário de seus sonhos com coisas, fatos e pessoas que justifiquem a sua existência e o seu desfrute. Mas o pano de fundo é composto pela qualidade de vida construída na Terra: se a vida terrena do ego foi marcante, o devachan terá o mesmo vigor dessa personalidade, mas se essa foi fraca e sem distinção a passagem pelo devachan será medíocre. Por isso, um materialista completo pode não ter devachan e passar o período entre duas vidas em total inconsciência, como se estivesse desmaiado.

    Os egos mais grosseiros, porém, podem, inclusive, achar-se numa situação próxima a um inferno (avitchi), ao invés de um paraíso. Uma pessoa, por exemplo, que construísse sua felicidade sobre a infelicidade de outra veria o remorso conspurcar constantemente as cenas de felicidade revividas no devachan. Assim como o devachan apresenta infinitas diferenciações com graus ascendentes de espiritualidade que recebem nomes segundo o loka (região) que os produzem, o avitchi é também muitíssimo diversificado. Destarte, por exemplo, no rupa-loka do devachan, as sensações, percepções e ideações são menos subjetivas que em arupa-loka (o mais elevado estado do devachan), onde as experiências vividas variam em relação à forma, cor, substância e possibilidades formativas. Igualmente, a mais sublime experiência no devachan não se compara ao estado da mônada quando, em sua condição perfeitamente subjetiva de pura espiritualidade, manifesta-se e desce à matéria, retornando à condição anterior depois de completado o grande ciclo.

                                                      Remoinho de Egos

      Se, o que é muito raro, o quinto princípio das pessoas abandonadas pelos princípios superiores, devido a insensatez de suas vidas inteiramente materialistas, resvala para o “poço sem fundo”, a luta é perdida pela dualidade superior, com o sexto e o sétimo princípios nada absorvendo do quinto, e este, ao contrário, assimilando o que já havia de lembranças pessoais e percepções individuais no sexto princípio, a entidade inferior resultante, quando manas superior se junta ao cascão, não permanecerá no kama-loka e não terá tempo de visitar médiuns, porque afundará quase imediatamente na oitava esfera ou, como de outra forma afirma o Mestre, será rapidamente atraída e aprisionada pelo ‘grande redemoinho’de egos humanos. (O que é esse remoinho ou por que o cascão incrementado com o acúmulo de experiências pessoais positivas do sexto princípio tem que ser destruído rapidamente, e não se desintegrar paulatinamente como os demais, não é explicado, e o próprio Mestre afirma não ter permissão para responder sobre a natureza da vida no ‘planeta da morte’, ou ‘oitava esfera’).

     Nesse caso, a ‘pura mônada individual e espiritual’formada pelos sexto e sétimo princípios, por outro lado, não transitará pelo devachan, indo repousar inconsciente no espaço ilimitado, pois a menos que haja assimilado alguns dos mais puros e abstratos atributos mentais do quinto princípio e da memória, a mônada individual não poderá ter existência consciente no devachan. (Daí porque as crianças mortas antes do aperfeiçoamento de sua entidade septenária e os deficientes mentais congênitos não chegam ao devachan, visto que não têm experiências a serem desfrutadas ali, devendo, voltar a encarnar-se rapidamente e com o mesmo princípio vital e o mesmo manas, sendo, portanto, uma reencarnação da personalidade). Contudo, chegará de novo um período de ‘plena consciência individual’, quando àquela pura mônada individual juntar-se-ão outra vez os atributos mais elevados do quinto princípio, voltando ela a encarnar-se num próximo planeta. E, assim, entrando de novo no mundo das causas e sendo alcançada pelo carma ao tomar nova personalidade, virá a esquecer-se completamente da série de nascimentos anteriores, que foram como ‘uma página arrancada do grande livro da vida’.

   É possível depreender-se a existência de uma situação diferenciada, relativamente à descrita acima, em que, se o ego reencarnante apenas não absorve nada do ego pessoal trazido da última vida, então este é abandonado, vindo a dissolver-se gradualmente, enquanto o ego individual apenas perde um estado devacânico depois dessa vida especial, reencarnando-se outra vez após curto período de tempo passado como um espírito planetário.

                                                 Tempo de Vida no Post-mortem

      Blavatsky afirma que, em geral, “o período entre dois renascimentos estende-se de 1000 a 1500 anos, durante os quais a consciência física está total e absolutamente inativa pela falta de órgãos pelos quais atuar.” O Mestre, contudo, dá-nos uma melhor idéia do tempo vivido no pós-morte, esclarecendo que o bardo é o período entre a morte e a reencarnação, e que este teria três subperíodos.

    O primeiro vigeria desde a entrada no kama-loka até o estado de gestação, podendo durar de alguns minutos a vários anos. Antes de entrar na fase de gestação, o falecido deverá permanecer no kama-loka até completar o tempo que deveria ter sido o de sua vida natural, que poderá ser desde algumas horas até alguns poucos anos, para os que tenham tido morte natural e, provavelmente, um período mais longo para os que tiveram morte provocada (suicidas e vítimas de violência). Nesse sentido, julgo que todos nós, de alguma forma, antecipamos também ou temos antecipada nossa ida para o outro lado, seja por motivo de doença ou em conseqüência da vida moderna. As condições atuais de vida, com seu alto nível de estresse e poluição, agravado ainda pelos maus hábitos e vícios tão comuns na humanidade atual, são muito desgastantes e rompem comumente o equilíbrio natural do corpo, reduzindo o tempo de vida das pessoas e, portanto, alongando a passagem no kama-loka.

    O segundo subperíodo do bardo, o estado de gestação, poderia ter uma duração muito longa e seria ‘proporcional à força espiritual do ego’. (Essa colocação do Mestre parece sugerir que as experiências de todas as vidas anteriores trazidas pelo ego, e não só as da última personalidade, reforçariam a sua vivência no estágio de gestação, ao tempo em que seriam condicionantes para o próximo renascimento no mundo material, ou ‘das causas’).

    O terceiro subperíodo tem início quando o ego renasce no rupa-loka do devachan.  O devachan comporta sete subdivisões, sendo as quatro primeiras, denominadas rupa-devachan, pertencentes ao mundo da forma (correspondentes ao rupa-loka de que fala K.H.) e provavelmente situadas no plano mental da Terra, onde cada pensamento apresenta-se como uma forma]. O tempo que se passa no devachan é geralmente longo, mas muito variável, devendo-se observar que, no nosso próprio mundo, o desenvolvimento e a absorção plena dos efeitos toma muitíssimo mais tempo do que o ocupado na produção das causas. O período devachânico será tanto maior quanto melhor forem aproveitados os estímulos provindos da alma durante a vida na Terra, ou seja, da quantidade de carma bom que se tenha acumulado. Por outro lado, quanto mais forte foi a atração pelas coisas terrenas, mais rapidamente o ego deixará o devachan para reencarnar-se. As pessoas mais altruístas, puras e benévolas têm como recompensa passar mais rapidamente pelo kama-loka e rupa-loka, atingindo esferas mais elevadas do devachan, ocupando-se, então, com idéias abstratas e consideração dos princípios gerais da natureza e das coisas, desprendendo-se dos vínculos egoísticos da personalidade.

                             Recuperação da Memória (Final de Ciclo)

     A memória voltará ao ego lenta e gradativamente durante a gestação e completamente no final desse período, no momento de entrada no devachan. O ingresso nesse estado também é gradual e dá-se em etapas imperceptíveis. Primeiro o ego revive todas as experiências da personalidade na última vida, só que o ego se apega apenas às cenas e aos atores que lhe interessam. Os acontecimentos que experimentou por intermédio das faculdades espirituais, sejam de amor ou ódio, tornam-se permanentes (por isso somente o amor e ódio são eternos), enquanto as demais recordações desaparecem para sempre ou retornam ao cascão, que é a sombra da personalidade que os criou. No entanto, o ego recorda-se apenas da essência de sua vida física, a experiência física que viveu é apenas virtual, pois não pode ter consciência física propriamente dita, em face da falta de órgãos físicos pelos quais atuar.

    A consciência do eu pessoal da última encarnação, preservada no ego espiritual, persiste como uma recordação distinta e separada apenas durante o devachan. Findo esse período, essa memória junta-se ao acervo das demais experiências acumuladas de outras inumeráveis encarnações do ego. Ao final de cada uma das primeiras seis rondas (‘ciclos menores’), o ego recuperará a lembrança de todas as impressões que se impuseram nos respectivos períodos de devachan. Todas vidas vividas nesses períodos são probatórias, com grandes indulgências e novas oportunidades a cada novo nascimento. Mas os egos que retiveram a memória no kama-loka, que não produziram coisa alguma de boa com seu quinto princípio serão aniquilados, não desfrutarão dessa memória completa, afundarão na oitava esfera.

    A lembrança de todas as vidas do ego dar-se-á no final da sétima ronda, que completa um ‘ciclo maior’, no limiar do longo nirvana (estado de reabsorção, mas não de extinção ou aniquilamento do ego, na força universal, a eterna felicidade e descanso enquanto aguarda outro manvantra, que é um longo período de manifestação, uma época de atividade criativa) que nos espera depois de deixarmos o último globo da cadeia planetária em que vivemos. Como acentua Blavatsky, uma entidade é imortal apenas na sua essência última, não na sua forma individual. Quando ela atinge o ponto mais alto de seu ciclo é absorvida em sua natureza primordial: torna-se espírito e perde o nome de entidade. Assim, sua imortalidade, como forma, é limitada ao seu ciclo de vida. Essa lembrança nos é tirada momentaneamente por Yansan.

     Ao final da sétima ronda não haverá benevolência, tudo o que foi desprezado no devachan retorna outra vez diante da visão do ego, e o conjunto das vidas do ego será sopesado: de um lado da balança estarão os méritos e de outro os deméritos. Cada ego deverá sorver a taça das ações que praticou depois ser pesado na balança da justiça compensatória. Segue-se um período indefinido cuja duração depende do estágio evolutivo de cada um. Nesse período, até que aconteça o pralaya (período de não-manifestação e repouso), o ego transforma-se virtualmente em um deus, um ser onisciente, candidato a ser algum dia, após um período incomensurável, um dhyan chohan ou, se foi mau, entrará no nirvana de avitchi e num manvantra (um período incrivelmente longo de bilhões de anos) de sofrimento e horror como um feiticeiro. Os feiticeiros, assim como os adeptos, têm imortalidade paneônica, isto é, mantêm clara consciência do Eu em qualquer estágio ou forma em que se encontre, do início ao fim do manvantra. Quando estão mortos, por exemplo, têm perfeito conhecimento de que deixaram o corpo físico.

   No Nirvana o eu superior (atma-buddhi), unindo-se à Mente-Alma Universal, torna-se efetivamente onisciente, realizando aquilo que era apenas virtual no devachan. HPB diz-nos que mesmo encarnado o ego pode em situações especiais, quando mudanças fisiológicas do corpo permitem, libertar-se da matéria tornando-se nesses instantes quase onisciente outra vez.

                                               Contato com os Vivos

     Após a morte, o espírito fica aturdido e confuso e muito em breve entra no estado de inconsciência que precede o devachan. Ainda assim, nesse rápido interregno antes da inconsciência, esse ser atordoado poderia comunicar-se com uma pessoa viva, mas dificilmente essa comunicação seria proveitosa para o vivo. No entanto, ela admite a existência de raros casos em que a intensidade do desejo de retorno, com um objetivo muito especial, é tão grande que força a consciência do comunicante a permanecer desperta, sendo, portando, a individualidade que realmente se comunica.

    Esses são seres que desprezaram o desejo pelas ilusões do mundo e renunciaram ao cíclico estado nirvânico a que faziam jus, por compaixão à humanidade e por amor àqueles que deixaram na Terra. Aqui permanecem invisíveis em espírito, em vida astral, com todos os seus princípios, podendo comunicar-se, como o fazem com alguns eleitos (que não seriam os médiuns comuns, como ressalta aquela autora), aconselhando e inspirando mortais para o bem geral.

      O mayavi-rupa (que, como já vimos, é um corpo não-natural formado por elementos mentais e astrais) de uma pessoa morta no kama-loka pode também amiúde aparecer como um fantasma no mundo objetivo, sem que, contudo, isso represente a expressão da vontade daquele que o projeta ou da atração do desejo daquele que o vê, sendo apenas um ato involuntário e maquinal do falecido. Não se exclui, no entanto, a possibilidade de isso vir a acontecer como conseqüência de um conhecimento que existia potencialmente na pessoa.

      Para o ego em repouso no devachan seria, entretanto, impossível qualquer comunicação com os encarnados, pois tal contato traria certamente alguma angústia e amargura, rompendo a condição de ausência de dor ou sofrimento que prevalece nesse estado de suspensão temporária do carma. Se o ego depois que sai do kama-loka e entra no devachan não pode se comunicar com médiuns, o mesmo não aconteceria com o cascão, pois ele, como já vimos, portador apenas dos apetites inferiores da personalidade, está acessível ao médium comum, sendo usualmente o seu ‘guia’. Os erradios cascões não são necessariamente nocivos. Porém, devido aos médiuns podem se converter temporariamente em maus.

    Todavia, um sensitivo mais puro pode ascender ao devachan e imaginar que seus entes queridos que lá estão é que baixaram à Terra, e não que ele subiu ao devachan. Ao penetrar naquele estado consciencial, o sensitivo funde-se na aura do espírito que lá se encontra e converte-se naquela personalidade desaparecida, escrevendo com sua letra e na sua linguagem (psicografia). Há, então, uma identidade de vibração molecular entre as partes astrais do médium e do desencarnado, e a mensagem transmitida será tanto mais autêntica e mais apurada no seu conteúdo moral quanto mais desenvolvido for o médium, isto é, quanto menos de si próprio ele colocar na mensagem. Percebe-se, assim, que há objetividade consciencial no devachan, ainda que limitada, pois o ego, embora concentrado apenas nas experiências mais positivas que trouxe da encarnação anterior, consegue concatenar perfeitamente o seu pensamento; e lá onde está, cada pensamento torna-se uma coisa concreta. Por isso, a comparação do devachan com um sonho terreno é apenas uma figura de linguagem. Se a vida lá não é objetiva, certamente aqui na Terra também não o é, pois, no nosso plano, o nível de consciência ordinário é extremamente limitado, circunscrito ao que se percebe através dos sentidos físicos, sendo nossa vida repleta de ilusões, e nem sequer sabemos quem somos.

     Os egos de suicidas e vítimas de acidente, inclusive os assassinados, também podem se comunicar com os vivos – é o que veremos a seguir.

                                                       Suicidas e Acidentados

      Desde o momento em que se suicidaram até o dia em que teriam a morte natural, os suicidas não estão completamente separados dos seus princípios superiores (6º e 7º). Porém, funcionam, de fato, apenas com o quarto e o quinto princípios, enquanto os dois superiores permanecem passivos, porque, devido ao ato tresloucado que cometeram, forma-se uma barreira insuperável entre os dois grupos de princípios. Eles persistem vivendo conscientemente no kama-loka, estando agora mais sujeitos aos impulsos dos desejos terrenos e sem possibilidade de satisfazê-los diretamente, posto que já não mais possuem o instrumental proporcionado pelo corpo físico.

     O suicida, assim entendido como o homem real que apenas foi despojado de seus três princípios inferiores, e não o cascão, pode se comunicar conosco através de médiuns. Os seres sofredores que persistem nesse convívio são exceção à regra, pois permanecem dentro da esfera de atração da Terra, no kama-loka, até completar o tempo que deveria ter sido o de sua vida natural.

     Não se deve considerar, entretanto, suicida alguém que por uma ação inconseqüente antecipa sua morte quando não tinha essa intenção (um toxicômano, por exemplo, vítima de overdose): nesse caso o motivo é o que interessa. Essa pessoa, como os que tiveram morte natural, não será vítima das tentações do kama-loka nem dos médiuns e cairá no sono tão logo nele penetre. A qualidade do sonho dependerá das circunstâncias criadas antes da morte, e bem pode não ser agradável.

     Em vez de procurar se redimir da loucura que cometeu, aceitando seu castigo, o suicida busca ilicitamente, através de um substituto vivente, satisfazer os desejos que ainda o mantém preso à Terra. Por causa dessa prática, ao término do tempo natural que teria durado sua vida, costuma perder sua mônada para sempre, ou melhor, perder a possibilidade de entrar no devachan, desperdiçando suas experiências pessoais no atual ciclo de vida. É comum ocorrer isso com o suicida, embora muitos resistam bravamente, e nem todos sejam necessariamente atraídos pela ânsia perturbadora dos médiuns. Penso, nesse sentido, que a motivação do suicida muitas vezes não é tanto o apego às coisas terrenas, mas, muito mais, a incapacidade de suportar uma dor física ou moral muito intensa. O Mestre adverte que seria errado e cruel reavivar-lhe a memória ao oferecer-lhe a oportunidade de desfrutar uma vida material indireta por intermédio de médiuns e sensitivos, pois isso intensificaria seu sofrimento, e ele pagaria caro por tais prazeres, sobrecarregando seu carma.

     A questão das vítimas de acidentes (ou de assassinato) é uma das mais controversas nesse estudo, embora os mal-entendidos fossem suficientemente elucidados pelo Mestre. Assim, é que, na Carta nº 76, K.H. comenta a carta 68, que havia sido publicada sem revisão, e afirma que o material nela contido sobre a possibilidade das vítimas de acidentes terem uma situação pior que a dos suicidas não está incorreto, mas trata-se apenas de uma exceção. Essa posição está ainda reforçada na Carta nº 71, em que fala sobre a afirmação do Sr. Sinnett de que “as vítimas de acidentes às vezes, embora raramente, e as vítimas de suicídio podem se comunicar conosco através de médiuns”. Naquela missiva o Mestre pontifica que isso só ocorre em casos excepcionais quanto aos acidentados, mas que os suicidas podem e fazem isso com freqüência.

    Em resumo, nos acidentados, ao contrário do que ocorre com os suicidas, os princípios remanescentes (do 4º ao 7º) atraem-se reciprocamente, sem quaisquer barreiras. Quando o ego é bom e puro, os princípios superiores puxam fortemente os inferiores em sua direção, a da espiritualidade, e o ego espera o momento de ir para o período de gestação dormindo placidamente, tendo sono sem sonhos ou, sonhos felizes e cheios de visões venturosas da vida na Terra, porém nada comparáveis ao sonho devachânico, e sem a consciência de que deixou para trás a vida terrena. Isso ocorre porque o ego pessoal do acidentado não é responsável por sua morte, embora deva estar sofrendo a ação da lei do carma. Se tivesse vivido mais, poderia ter compensado alguns erros anteriores. Mas, porque pagou débito anterior (de reencarnação passada), está livre da justiça compensatória. Os acidentados são protegidos pelos dyan-chohans até que estejam amadurecidos e preparados para o kama-loka. Eles, em geral, sejam bons ou maus, dormem e só acordam no momento de separação dos princípios (“hora do julgamento final”), no limiar do estado de gestação. Se, nesse caso e à semelhança do que ocorre com os que tiveram morte natural, a carga de experiências positivas a ser aportada pelo quinto princípio for insuficiente para permitir o desfrute no devachan, o ego tomará imediatamente um novo corpo material, neste ou noutro planeta. Assim, pode-se estabelecer como regra geral que, exceto os suicidas e os cascões, não há possibilidade de um ego freqüentar um centro espírita.

                                              Carma, Trishna e Skandhas

      Subjacentes aos fatos do pós-morte, existem leis e princípios naturais que permitem sua compreensão. Assim, o Mestre pontifica alguns conceitos que considera fundamentais para o entendimento dos mistérios da roda da vida. Esclarece inicialmente, adotando uma terminologia budista, que carma é a doutrina segundo a qual todo ser senciente, após a morte, nasce outra vez, no mesmo planeta ou não, debaixo das condições por ele mesmo criadas. Todos os atos e pensamentos são causas cujos reflexos, ou efeitos, serão sentidos tanto no mundo positivo como no espiritual. As energias materiais agem essencialmente no plano físico e, portanto, repercutem na personalidade atual ou nas que futuramente serão assumidas pela individualidade. Pela operação da lei de ação e reação, o ego, após deixar o devachan para reencarnar-se, defronta-se, como diz Blavatsky, com o carma e seu exército de skandhas (esses são os atributos que formam a personalidade e dão a sensação de um ‘eu’ separado), e recebe punição por cada falta que cometeu na vida anterior na matéria, e não há nisso qualquer injustiça, pois, com a punição da personalidade, quem sofre, de fato, é a individualidade, que é a entidade que verdadeiramente deu causa à punição. Vale lembrar que a personalidade atual não se lembra da que a precedeu, mas o ego reencarnante tem pleno conhecimento de suas boas e más ações e comunica-se com a consciência inferior de diversas formas, tais como a intuição, premonição, reminiscências e daquilo que chamamos voz da consciência.

     Dessa forma, cada personalidade nova assumida pelo ego reencarnante é um produto, ou conseqüência, cármica da anterior. Se a inclinação da personalidade é para coisas materiais e prazeres da vida mundana, a personalidade adotada pelo ego na próxima encarnação deverá ter as mesmas propensões. É enfatizado, nesse sentido, que bem-estar e satisfação são antes causa de um novo e sobrecarregado carma do que efeito de um carma favorável, e que pobreza e condição humilde na vida são, em geral, causa menor de sofrimento do que riqueza e nascimento privilegiado. Já ações morais, pertencentes ao espírito, desdobram-se no mundo subjetivo, refletindo-se essencialmente no devachan, que será tanto mais proveitoso e prazeroso quanto mais refinada foi a personalidade. O sonho devachânico, nesse caso, seria tão vívido que nenhuma realidade cotidiana poderia se igualar. Portanto, todo ego está sujeito a um impulso cármico que o leva a se encarnar numa família que tenha qualidades e tendências semelhantes às que ele mesmo apresenta, numa espécie de hereditariedade espiritual, e essa atração, que nada mais é que uma confirmação da lei da afinidade (semelhante atrai semelhante), regerá e orientará sua futura existência. Uma vez esgotados os impulsos cármicos que se desdobram no devachan, o indivíduo sente necessidade de entrar outra vez no mundo das causas, que pode ser aquele de onde ele veio ou mesmo outro, de acordo com o estágio de desenvolvimento que já tenha alcançado.

    Se, por um lado, o carma é a lei que orienta o sentido da vida e permite saber a direção a que os fatos conduzirão, por outro, trishna é a ânsia, o impulso incontido e primitivo, pela vida sensível, e a causa da reencarnação. Um forte anelo por vida física pode levar o indivíduo a inúmeras reencarnações sem que, contudo, desenvolva necessariamente suas potencialidades superiores. Essa sede de viver, condicionada pelos skandhas adquiridos já de outras vidas e transformados nesta, conduz a um novo nascimento, e as ações resultantes dessa nova vida produzem novos skandhas e condicionam o próximo nascimento num movimento perpétuo. Depreende-se daí a justeza do carma, pois, da mesma forma como um homem de 40 anos deve colher os frutos das suas ações realizadas aos 20 anos, também é perfeitamente legítimo que o ego transvestido de uma nova personalidade seja alcançado pelas ações geradas por sua personalidade anterior.

      Não só os homens, mas todas as criaturas vivas, são constituídos, objetiva ou subjetivamente, por skandhas, que são exotericamente cinco (ou sete esotericamente): rupa (forma ou atributos materiais), vedana (percepção, sensações), sanna (consciência, idéias abstratas), sanskara (tendências para a ação, tanto físicas quanto mentais) e vinnana (conhecimento, poderes e predisposições mentais). Eles estão em constante transformação e são os rudimentos e causas da vida nos sete planos da existência, formando, após a morte, a base para o reingresso na matéria, pois são as sementes abandonadas pelo ego quando entra no devachan e outra vez recolhidas pela nova personalidade e por ela esgotadas. Os skandhas espirituais deixam marcas indeléveis no ego permanente, pois algumas qualidades da personalidade, tais como amor, altruísmo, caridade etc., fixam-se para sempre naquele ego como atributos divinos ofertados pelo indivíduo transitório. De outra parte, os skandhas materiais, os que dizem respeito ao eu pessoal, ainda que sejam passageiros e não impressionem o cérebro da nova personalidade, são os que geram efeitos cármicos mais evidentes. Após o devachan, eles agregam-se à nova personalidade na encarnação seguinte, sob a forma de resultados cármicos a serem remidos e ainda como efeitos cármicos positivos, proporcionando um corpo adequado ao ego reencarnante.

    Embora o ego pessoal não detenha a memória das vidas passadas, ele pode, quando colocado em estado sonambúlico ou hipnótico, estabelecer comunicação com o ego espiritual, que acumula essas lembranças, habilitando a pessoa a realizar coisas que não aprendeu na atual existência. Modernamente, fenômeno semelhante a esse tem sido bem estudado no Ocidente sob a denominação de regressão a vidas passadas.

                                           Males Produzidos por Médiuns

      O ego no devachan está imbuído dos mais nobres sentimentos possuídos pela personalidade falecida, e sua bem-aventurança consiste exatamente no esquecimento das desgraças que deixou para trás. Ao contrário desse ensinamento, a doutrina espírita assegura que os espíritos enxergariam mais longe que os encarnados e que, portanto, estariam ainda mais conscientes das mazelas terrenas. Blavatsky argumenta que essa consciência traria terrível conseqüência ao desencarnado, que continuaria carregando todos os sofrimentos da vida na Terra, com o agravante de não poder interferir nos acontecimentos desastrosos que aqui acontecem e a que é obrigado a assistir impassível. Isso seria uma verdadeira maldição. A morte não traria nenhum conforto.

     Por acreditar nessa doutrina e por julgar geralmente que está fazendo o bem, o médium auxilia no despertar de trishna e na realização, ou upadana, dos desejos subjacentes nas formas astrais, quer de um suicida ou de uma vítima de violência, transformando-as assim em elementares. Por isso, eles podem ter de passar no kama-loka muitos anos sob a forma de elementares, não um cascão propriamente dito, mas um vagabundo terrestre, pois seus trishnas os atraiu aos médiuns, que facilmente realizam seus desejos, e eles desenvolvem novo conjunto de skandhas, novo corpo com tendências e paixões piores que as do corpo anterior. Agora o carma deles será acrescido das ações que venham a praticar sob a nova influência, comprometendo sua reencarnação. Se os médiuns soubessem os males que podem provocar nesses seres a cada sessão espírita, mormente com materializações, seriam menos generosos em prodigalizar sua hospitalidade. Por isso o Mestre opõe-se tão veementemente ao tipo de espiritismo que incentiva a mediunidade e as manifestações físicas indiscriminadas, especialmente materializações e incorporações.

                                            Conclusão " A MORTE É MUITO SIMPLES, DEIXA EU TE DIZER, EU COMPARO A MORTE É IGUALMENTE AO NASCER."

      A morte é apenas um ponto de parada para reabastecimento e descanso na infindável jornada da vida. É um breve momento de transição entre dois estados de consciência, o material e o espiritual. Ela está entre as mais importantes leis do Universo, na medida em que proporciona condições para a marcha da evolução, separando o eterno do perecível. O transitório é o material daquelas experiências que não deram certo e que deve desaparecer durante a longa luta da Natureza em busca da perfeição. O permanente é a perfeição alcançada. Para nascer é preciso morrer. Assim, a morte é antes uma extraordinária oportunidade de renovação, pois ao renascer o ego esquece completamente todos os erros e descaminhos da velha personalidade que já não suportava mais carregar, surgindo outra vez como uma criancinha inocente e pura, a ser prontamente amparada e amada por aqueles que a cercarem.

   Morte e reencarnação significam, portanto, as oportunidades para o progresso sem limite da alma divina, num permanente processo evolutivo que vai do material para o espiritual. Ao final de cada ciclo o homem renova-se em conhecimento e poder, e a sua sagrada missão é conquistar a imortalidade por intermédio da união de sua alma com o princípio divino que a sustém, elevando-se em direção da Unidade Absoluta. Seu destino é glorioso e cada um é o seu próprio salvador no mundo onde está e na encarnação em que se encontra. Assim, o homem de bem que conhece os segredos do além não teme a morte e pode exclamar como o apóstolo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”. Ficamos todos sujeitos as Leis do grande Orixá OMULÚ.